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Dia Mundial da Saúde Bucal: Proteja seu cérebro de demências como o Alzheimer.

Foto do escritor: Dra. Luciana Klovrza Rosas GonçalvezDra. Luciana Klovrza Rosas Gonçalvez

Atualizado: 21 de mar. de 2024

Cuidar dos dentes e gengivas pode ser crucial para prevenir doenças neurodegenerativas. Descubra como! 

Um rapaz no dentista
Mantenha visitas periódicas ao dentista
No Dia Mundial da Saúde Bucal, abordaremos um tema de extrema importância: a relação entre a saúde bucal e o Alzheimer. Cuidar dos dentes não apenas resulta em um sorriso bonito, mas também desempenha um papel significativo na prevenção de condições sérias, como o Alzheimer.

Apesar dos avanços tecnológicos e dos programas públicos, o Brasil depara-se com desafios consideráveis em relação à saúde bucal. Muitos brasileiros ainda lidam com problemas como cáries, doenças periodontais e a falta de acesso adequado aos cuidados odontológicos, o que pode contribuir para inflamações no cérebro.

Estudos científicos têm demonstrado uma forte ligação entre doenças periodontais, como a gengivite e a periodontite, e um maior risco de desenvolver condições neurodegenerativas, incluindo o Alzheimer. A inflamação crônica causada por problemas bucais pode contribuir para complicações cognitivas, ressaltando a importância de uma boa saúde bucal na prevenção dessas doenças.

Ao adotar práticas simples de higiene bucal, como escovação regular, uso de fio dental e visitas periódicas ao dentista, podemos não apenas proteger nossos dentes e gengivas, mas também reduzir o risco de desenvolver o Alzheimer e outras condições relacionadas à saúde cerebral.

Antes de aprofundarmos essa relação, vamos trazer algumas informações importantes sobre o Alzheimer 

O Alzheimer é uma condição séria que merece nossa atenção. É uma doença progressiva que começa a se desenvolver décadas antes do diagnóstico, geralmente se manifestando após os 65 anos de idade. Infelizmente, não há cura para o Alzheimer, e ela afeta diretamente nossas funções cognitivas, como memória, orientação, atenção e linguagem, devido à degeneração das células cerebrais. 

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 55 milhões de pessoas em todo o mundo vivem com algum tipo de demência, sendo o Alzheimer responsável por aproximadamente 50 milhões desses casos. No Brasil, temos cerca de 1,2 milhão de pessoas diagnosticadas com Alzheimer, e as projeções indicam um aumento significativo, chegando a 6 milhões de brasileiros afetados até 2050. 

Esses números destacam a importância de estarmos atentos à saúde cerebral e de adotarmos medidas preventivas sempre que possível. Manter uma boa saúde bucal, por exemplo, é uma forma de proteger não apenas nossos dentes e gengivas, mas também de contribuir para a saúde geral do corpo, incluindo a prevenção de condições como o Alzheimer. 

Saúde bucal dos brasileiros. 


Para atender melhor a população, o programa Brasil Sorridente, do Governo Federal, oferece atendimento odontológico gratuito por meio do SUS. Esse serviço está disponível nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), e se necessário, o atendimento pode ser realizado em Centros de Especialidades Odontológicas (CEO) ou hospitais. 

Apesar dos avanços na conscientização e no acesso aos cuidados odontológicos, ainda há uma parcela significativa da população enfrentando problemas bucais e obstáculos no acesso a tratamentos adequados. Programas de prevenção e educação continuam sendo essenciais para melhorar a saúde bucal da população e garantir sorrisos mais saudáveis em todo o país. 

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2019 revelam que 34 milhões de brasileiros com mais de 18 anos perderam 13 dentes ou mais, e 14 milhões de pessoas perderam todos os dentes. Na mesma pesquisa, o IBGE apontou que menos da metade dos brasileiros consultou um dentista nos 12 meses anteriores ao levantamento. 

Vários fatores contribuem consideravelmente para a má qualidade da saúde bucal no Brasil, como a falta de educação sobre higiene bucal desde a infância, custos financeiros proibitivos para alguns, acesso limitado aos cuidados dentários em algumas regiões e a falta de prioridade dada à saúde bucal comparada a outras necessidades. 

Infelizmente, além da perda dentária, essas pessoas estão expostas a outras complicações na saúde, tanto do corpo quanto do cérebro. Estudos científicos mostram que doenças periodontais estão associadas a um maior risco de desenvolver condições como doenças cardíacas, diabetes e até mesmo doenças neurodegenerativas. 

A higiene bucal adequada desempenha um papel surpreendente na prevenção do Alzheimer. A conexão entre doença gengival e demência sugere que a inflamação crônica causada por problemas bucais aumenta o risco de problemas cognitivos. Manter uma boa saúde bucal, incluindo escovação regular, uso de fio dental e visitas ao dentista, pode ajudar a reduzir esse risco. 

Agora, vamos abordar um aspecto importante: como as bactérias da boca podem afetar o cérebro. 

As bactérias presentes na boca podem causar infecções graves no cérebro ao entrarem na corrente sanguínea e atingirem o sistema nervoso central, conhecidas como encefalites bacterianas. Entre as bactérias mais comuns associadas a essas infecções estão Streptococcus mutans, responsável pela cárie dentária, e Porphyromonas gingivalis, associada à doença periodontal. Quando essas bactérias alcançam o cérebro, causam inflamação e danos significativos, levando a sintomas graves e potencialmente fatais, como febre, dor de cabeça intensa, confusão mental e convulsões. 

Portanto, manter uma boa saúde bucal não apenas previne problemas dentários, mas também ajuda a evitar complicações graves. 

Atenção! É importante compreender que escovar os dentes diariamente não garante uma higienização adequada da boca. 

Muitas pessoas acreditam estar realizando uma higiene bucal eficiente, porém podem estar cometendo equívocos. Isso pode ocorrer devido a diversos motivos, como uma técnica de escovação inadequada, falha em alcançar todas as áreas da boca, ou negligência no uso do fio dental para remover a placa bacteriana entre os dentes e ao longo da linha da gengiva. Além disso, a escolha de uma escova de dentes com cerdas muito duras também pode comprometer a eficácia da limpeza. 

Outro fator crucial a considerar é a frequência e a duração da escovação. Escovar os dentes apenas uma vez por dia ou por um curto período pode não ser suficiente para eliminar completamente os resíduos de alimentos e a placa bacteriana. Portanto, é essencial adotar uma rotina de higiene bucal completa e adequada, que inclua escovação, uso de fio dental e visitas regulares ao dentista, garantindo assim uma saúde bucal ideal. 

Uma prática recomendada para complementar a higienização bucal é a raspagem da língua. A língua pode acumular resíduos de alimentos, bactérias e células mortas, contribuindo para o mau hálito e problemas de saúde bucal. Ao realizar a raspagem da língua regularmente com um raspador específico, é possível remover esses detritos e reduzir o risco de mau hálito, além de promover uma sensação de frescor na boca. 

Outra sugestão benéfica, especialmente para aqueles que enfrentam dificuldades na escovação devido à mobilidade reduzida, é o uso de escovas elétricas. Elas oferecem vantagens como a vibração ou rotação das cerdas, que podem auxiliar na limpeza dos dentes de maneira mais eficaz, mesmo para pessoas com limitações nos movimentos das mãos ou dos braços. Além disso, muitos modelos possuem características extras, como temporizadores e sensores de pressão, que facilitam a higiene bucal para indivíduos que enfrentam desafios de coordenação motora. 

Não espere até sentir desconforto para marcar uma consulta com o dentista. 

Realizar consultas regulares também auxilia na detecção de infecções assintomáticas. Mesmo sem sinais óbvios, infecções dentárias de baixo grau, como cáries incipientes ou infecções gengivais leves, podem estar presentes e evoluir sem causar dor significativa. No entanto, mesmo sem sintomas evidentes, essas infecções podem danificar dentes, gengivas e estruturas circundantes se não forem tratadas adequadamente. 

A frequência das visitas ao dentista varia conforme a idade e as necessidades individuais de saúde bucal. Geralmente, é recomendado que adultos façam check-ups e limpezas profissionais a cada seis meses. Já crianças e adolescentes podem necessitar de visitas mais frequentes, principalmente durante o crescimento e desenvolvimento. Consultar um dentista é essencial para determinar o intervalo ideal de visitas de acordo com cada situação. 

É importante salientar que existem grupos que merecem atenção especial para evitar negligência com a saúde bucal como pessoas com depressão, retardo neuropsicomotor, atraso no desenvolvimento e imunidade baixa. Esses grupos podem enfrentar dificuldades na higiene da boca e são mais suscetíveis a infecções bucais. É crucial que recebam apoio adaptado, supervisão durante a escovação e visitas regulares ao dentista para garantir uma boa saúde oral e prevenir complicações futuras. 

Idosos também precisam de atenção, pois podem negligenciar a saúde bucal devido a diversos fatores, como dificuldades de locomoção, problemas cognitivos ou falta de consciência sobre sua importância. A família pode auxiliar incentivando práticas de higiene bucal e fornecendo apoio emocional e financeiro para garantir que a saúde bucal dos idosos seja mantida adequadamente.

Como superar as dificuldades de mobilidade ou outras limitações que dificultam a ida a um consultório odontológico? 

Nesses casos o atendimento odontológico domiciliar surge como uma opção conveniente e crucial para os pacientes. Nesse tipo de atendimento, o dentista leva consigo os equipamentos e materiais necessários para realizar desde procedimentos básicos até tratamentos mais complexos diretamente na residência do paciente. 

O processo de um atendimento odontológico domiciliar geralmente segue algumas etapas: 
  • Agendamento: O paciente ou responsável entra em contato com o dentista para marcar uma visita domiciliar. Durante esse contato, são discutidos os detalhes do problema dentário e quaisquer necessidades específicas do paciente. 

  • Preparação do profissional: O dentista se prepara para a visita organizando os equipamentos, materiais e instrumentos necessários para o atendimento domiciliar. Isso pode incluir desde itens básicos de higiene até unidades portáteis de raio-x e equipamentos para procedimentos mais complexos. 

  • Deslocamento para o local: No dia marcado, o dentista se desloca até a residência do paciente, levando consigo toda a infraestrutura necessária para o atendimento. 

  • Avaliação e tratamento: Ao chegar, o dentista avalia a condição bucal do paciente e discute as opções de tratamento disponíveis. Dependendo das necessidades, o dentista pode realizar procedimentos como limpezas, restaurações, extrações ou até mesmo colocação de próteses. 

  • Instruções de cuidados: Após o tratamento, o dentista fornece instruções detalhadas sobre os cuidados pós-tratamento e medidas preventivas para manter a saúde bucal do paciente. 

  • Agendamento de acompanhamento: Caso seja necessário, o dentista agenda visitas de acompanhamento para monitorar a evolução do tratamento e fazer quaisquer ajustes necessários. 


Essa modalidade de atendimento pode ser especialmente significativa para idosos, pessoas com deficiência ou pacientes em processo de recuperação. 

Mantenha-se alerta aos sinais! 

 

Os sintomas de uma possível infecção na boca podem variar dependendo da causa e da gravidade da infecção, podendo até mesmo não apresentar sintomas visíveis. No entanto, alguns dos sinais mais comuns são: 
Dor: 
  • Sensação dolorosa ao engolir, mastigar ou falar. 

  • Dor nos dentes ou gengivas. 

  • Sensibilidade ao frio ou calor. 

  • Dor nos ouvidos. 

 
Inchaço: 
  • Aumento de volume na boca, língua, gengivas ou lábios. 

  • Inchaço dos gânglios linfáticos no pescoço. 

 
Vermelhidão: 
  • Coloração avermelhada na boca, língua, gengivas ou garganta. 

  • Presença de manchas vermelhas ou brancas na boca. 

 
Outros sintomas: 
  • Mau hálito persistente. 

  • Febre. 

  • Presença de pus ou drenagem na boca. 

  • Sangramento gengival. 

  • Dificuldade em abrir a boca. 

  • Perda de apetite. 

  • Perda de peso. 

 
O tratamento geralmente envolve o uso de medicamentos, como antibióticos para infecções bacterianas e antivirais para infecções virais, além de repouso, hidratação adequada e, em alguns casos, medicamentos para aliviar os sintomas, como analgésicos e antipiréticos. 

É fundamental não se automedicar, pois isso pode acarretar riscos ao seu quadro de saúde e mascarar o problema, levando a complicações maiores. Caso você apresente qualquer um desses sintomas, é imprescindível consultar um dentista ou médico para obter um diagnóstico preciso e um plano de tratamento adequado. 

Lembre-se sempre de que ao cuidarmos da nossa saúde bucal, não só protegemos nossos sorrisos, mas também fortalecemos a saúde de todo o nosso organismo, incluindo a prevenção de condições como o Alzheimer. Um sorriso saudável é o reflexo de um corpo e uma mente protegidos. 

Essa é a mensagem do Cérebro em Ação para o Dia Mundial da Saúde Bucal!


Dica de textos para estudos
Tang, D.; Sun, C.; Yang, J.; Fan, L.; Wang, Y. Advances in the Study of the Pathology and Treatment of Alzheimer’s Disease and Its Association with Periodontitis. Life 2023, 13, 2203. https://doi.org/10.3390/life13112203
Cichońska, D.; Mazuś, M.; Kusiak, A. Recent Aspects of Periodontitis and Alzheimer’s Disease—A Narrative Review. Int. J. Mol. Sci. 2024, 25, 2612. https://doi.org/10.3390/ijms25052612


 


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